Wednesday, September 06, 2006

PORCUPINE TREE - PIANO LESSONS


porcupine tree - stupid dream(disco de 1999)

A história em como eu conheci pela primeira vez os porcupine tree, é daquelas histórias em que quando o cerne é dito, a expressão mais normal de se dizer é um simples "que giro" ou um mais formal "que curioso". Talvez por ser precisamente curiosa a forma em como eu encontrei a banda do génio wilson.
Tudo começou com os cradle of filth. sim, com esses...afinal era a banda do dáni rastas e companhia que apareceu na capa da loud! de fevereiro de praí 2003 penso eu de que. Ora o que aconteceu nessa altura? "In absentia" o disco, tinha sido lançado não há muitos muitos meses, e apresentava-se enquanto disco do mês da revista, crítica feita pelo bem conhecido antónio freitas. Mas, mais que a crítica tinha sido a nota 10 ao disco que me tinha intrigado...poucas eram as notas 10 que a revista abtribuía/atribui. ainda por cima a um disco que tinha sido alvo de algumas críticas no antigo fórum da revista por supostamente não ter a ver com metal. Enfim fiquei com a pulga atrás da orelha.

O curioso é que foi preciso esperar até dezembro(!) desse mesmo ano, para eu me voltar a lembrar do wilson and friends. sim é verdade. e logo num local onde, supostamente, seria tarefa impossível encontrar um disco da banda britânica: a worten do vasco da gama.
Eu tinha lá ido naquelas compras "pós-prendas-de-natal". Possivelmente terei ido ao cinema num ritual que o meu tio mais novo inventou não há muitos anos..estava cá também o meu primo suiço o filipe. Enfim, por causa dele lá fomos à worten para ver se ele arranjava alguma coisa para a colecção. salvo erro arranjou um disco de maiden,outro de marilyn manson e quanto ao resto não me lembro.
Bem, eu encontrava-me a deambular na worten, a queixar-me da crónica falta de variedade daquilo. e realmente diga-se de passagem que a worten não é propriamente rica e variada na sua selecção musical...mas enfim é uma loja demarcadamente mainstream. Onde ninguém está à espera de encontrar porcupine tree.
Bem, o puto já tinha escolhido e ia para a caixa. O meu tio dirigia-se para lá com a namorada, a minha prima e a minha irmã igualmente. Eu ia fazer o mesmo, até que não sei bem como me deparo com o "in absentia", o penúltimo disco dos porcupine. Isto depois de ter estado uns bons 45 minutos a ver atenciosamente o que a worten tinha para ali.
O povo todo já lá estava fora. O meu primo estava a pagar. e eu estava com um olho na porta de saída, e outro olho na capa do "in absentia"..aquele fundo branco com a figura azul mascarada.aqueles trejeitos no dedo. os olhos que não deviam ser olhos. E a crítica do freitas a dar 10.
foram uns longos 2/3 minutos em que me vi absolutamente indeciso entre comprar o disco ou deixá-lo a ganhar pó no expositor. Até que me decidi e levei-o. Foi das decisões mais correctas que já tive na vida.


porcupine tree- in absentia(disco de 2002)

"In absentia" foi o responsável por me deixar levar pelo universo progressivo, claramente influenciado pelos pink floyd, dos porcupine tree. A "blackest eyes" a "prodigal", a própria "strip the soul" que já tinha ouvido no extinto sol música, e à qual não tinha achado grande graça. Ou a mais popeira "trains" e o desvio meio electrónico de "collapse light into earth". Estava ali um dos discos da vida, estava ali um rol de canções que iria ouvir insistentemente nos próximos meses. Tão insistentemente, que o meu amigo jorge, que me tinha emprestado o "13th step" dos a perfect circle, antes de eu ter comprado o "in absentia", só o voltou a ver em novembro..uma semana depois de eu o ter começado a ouvir.

entretanto surgiu o novo "deadwing" e mais um fascínio. Os novos temas encheram-me as medidas. Quando soube que os porcupine iam a vilar de mouros para além de entusiasmadíssimo, fiz de tudo para ir e lá consegui. Felizmente que costumo sempre passar(óptimas) férias a uns meros 5 km e que estava lá naquela altura- embora o concerto tenha sido um dia depois da minha saída do inatel, fiquei na pousada da juventude de cerveira. e lá ia chorando com a "lazarus", e berrando a plenos pulmões a "blackest eyes".

Foi o concerto, passaram uns dias, e em tour à carbono lá comprei o "signify". Desta vez não me encantou tanto, pese embora seja um disco mais denso e com atmosferas mais complexas, de um cariz mais experimental. Com ele vinha outro cd com experiências do steven wilson a solo, a que achei particular graça. E ter descoberto uma faceta mais experimental e mesmo mais progressiva nos porcupine, fez-me pensar na tamnanha versatilidade destes tipos ingleses. Que é muita.


porcupine tree- signify(disco de 1997)


Bem, que (não) me está a ler, deve-se estar a perguntar: mas como raio é que se demora tanto tempo a ir descobrindo discos de uma banda que se gostou muito. Ou o belo do: mas quando raio este otário se despacha e fala da "piano lessons"?

A primeira pergunta...bem não terá uma resposta muito contundente. Provavelmente porque andava sempre a tentar descobrir mais e deixei apenas e só contagiar-me naquilo de que já gostava mais, isto em relação aos porcupine. Ou porque preferia ouvir cenas novas e não fundos de catálogo...enfim idiotices.
Quanto à segunda, a verdade é que isto é importante pelo contexto. Estas histórias todas vêm ao de cima, porque são relações de causa-efeito. Logo tudo isto tem a ver com a "piano lessons" e a minha descoberta deste tema tem a ver com isto.

Enfim, depois do "signify" apercebi-me finalmente que era um sacrilégio não ter o "stupid dream" comigo. Numa conversa com um colega meu de faculdade, o homem falou-me muito bem do álbum enquanto o melhor disco dos porcupine tree. Disto eu discordo mas, finalmente!, lá fui eu adquiri-lo..desta vez pelos meios ditos "alternativos", ou "indies" ou whatever. Sim, fui àquilo que vulgarmente se chama, soulseek.

E lá arranjei o "stupid dream" . Fiquei estupefacto com a grande "even less" (isto se saber na altura que fazia parte de "recordings" disco de lados-b da banda, datado de 2001, onde "even less" surge numa versão mais longa), e com todo o disco no geral(mais soft que o "in absentia", mas talvez mais etéreo e com melodias um pouco mais desviantes) e mais fiquei com a "piano lessons". Aquelas notas de piano a começar, numa espécie de introdução, a força das guitarras que aparecem meio distorcidas a desabrocharem de um modo nada forçado e absolutamente coerente, a voz quase matemática de wilson a debitar aquela letra crítica e irónica em relação aos esquemas pop ("You don't need much to speak of/No class, no wit, no soul/Forget you own agenda/Get ready to be sold"), e o refrão doce que denota o critério lírico de quantidade vs qualidade...mais o excelentíssimo solo, e a brilhante conclusão instrumental.

fora destas descrições, aquilo que mais me fascina em "piano lessons" é o carácter incisivo do tema, que depois desagua numa clara suavização..como se de início fosse para denunciar, e no fim apenas e só ironias em relação à denúncia inicial. Isto em guitarras tremendamente catchy, num refrão deliciosamente irónico, e com o ambiente progressivo sempre presente. Um grande tema?sim. E que me ajudou muito quando, estava eu com uma ressaca extrema(festa de anos de uma amiga minha-muitos copos a mais-ir para um bar/disco-comer,voltar ao carro,mas nada de conduzir que ainda acusava-dormir um bocado no carro-conduzir passado duas horas) e uma dor de barriga enorme. Enfim, lá pus a "piano lessons", meti-me a cantar aquilo, com a ajuda de um amigo meu e lá fomos nós a todo o gás de santos até à casa dele ao pé da praça do chile.isto do gás quer dizer a 40 a hora, mais uma paragem no rossio porque não sabíamos para onde virar, mais umas voltinhas por não encontrarmos a casa dele.

enfim, uma grande banda, um grande disco, um grande tema que até ajuda quando um gajo está mais à rasca e tem que fazer certas coisas.

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