MAYONAISE - THE SMASHING PUMPKINS
Esta será, provavelmente, a faixa mais complicada de analisar de todas as 31. Não pela sua simplicidade desarmante, não pela sua latente beleza, não pelo seu tom agridoce em que relata suas palavras. Mas sim pelo contexto. E o contexto de "mayonaise" preenche precisamente a atmosfera "naive" e delicodoce, tanto de si própria, como do disco que a abraça.
Descobri os pumpkins no ano 2000, e para quem se lembra, foi precisamente no ano do seu fim. Li no blitz a notícia em que o careca corgan dizia que a banda acabava porque o gajo estava farto de lutar contra as pitas comercialóides, que só tinham mega decotes e corpos a cheirar a cavalo, para vender. O mais curioso é que, enquanto puto parvo-estúpido-idiotócromo de 15 anos, acreditei no homem. Pensamento comum:"ah e tal a britney é puta. Ah e tal o gajo dos pumpkins tem uma voz de merda mas faz parte do róque. eu também que ando a ouvir limpa biscoitos e garbage e o camandro, também faço parte do róque. Por isso a gaja é puta e o careca com a voz mete nojo tem razão". Todos nós temos vários tempos e várias fases. Mas há coisas que ficam. Esta consciencialização absolutamente ingénua de crença num tipo careca, sobre o qual não costumava dar um tostão furado, deu-me a pensar em ir dar algum dinheirinho ao tipo.
Daí que, quando vi que os pumpkins iam acabar, dei comigo a pensar que disco havia de comprar deles. Porquê? Porque achava que tinham sido uma banda muito grande, e que merecia pelo menos um ítem na minha(ainda reduzida) discografia.
Mas tá claro...eu sou um bocado esquisito. Vai daí e vou precisamente tentar arranjar o machina II o último disco dos pumpkins, disponível na net. comprei-o a uma loja do porto que o vendia como raridade, num duplo disco que também incluia outro cd com cenas instrumentais do corgan, e catrapumba viciei-me. Deixei de achar a voz do corgan irritante e apeteceu-me tentar compreender porque raio tinha gostado daquilo.
E foi aí que a minha atitude do "ah e tal quero ser bué alternativo", passou a puto-comodista-que-vai-comprar-um-béste-ófe. No meio de um book do henrique pote(o quarto salvo erro), e de mais um disco ou dois, lá meto o rotten apples no bucho, meses depois de me ter decidido a comprar o machina II. E pronto. conheci temas como o "rhinoceros", a "drown", e sobretudo a "cherub rock",provavelmente o meu tema preferido dos pumpkins, e que só não cabe aqui porque fui idiota comá merda e ao ir colocando músicas, apercebi-me que não a tinha posto. E ok confesso, estar a pôr mais de 2 temas dos pumpkins achei exagero...mesmo tendo em conta que esta é a minha banda favorita.
cherub rock- o single
Ouvia a "cherub rock" dia sim dia sim, umas boas 10 vezes ao dia, até decorar tudinho. Desde o início com a bateria do camberlain, até ao final quase apoteótico onde parece que a banda opera uma descarga de raiva nos instrumentos. Daí ter ficado curioso com "siamese dream", o disco. daí ter ido "adquirir" de forma um tudinho nada ilícita(cof...cof) a "rocket", naquela de ouvir um tema dos pumpkins integrado no disco. E catrapumba fiquei fascinado com aquelas guitarras fantabulasticamente vibrantes, e com a própria crença de corgan em que vai ser livre um dia. De um escape. De uma vida nova, sem os problemas do passado.
Com o entusiasmo todo, decidi ir arranjar novo tema. Desta vez, e finalmente, dirão os leitores sobreviventes, "mayonaise". a primeira reacção foi"tema bonito...até é engraçado".Tinha 16 anos e não ficara fascinado com o doce sabor das amargas palavras de corgan. Tinha apenas gostado. e não faço ideia de quando raio passei ao fascínio..coisa bastante progressiva.
Adiante: isso talvez tenha acontecido no décimo segundo, com o romance adolescente a atingir o pico enquanto pessoa.não vale a pena estar a gastar os caracteres todos com a paixão assolapada da altura, sobretudo por ser algo pessoal: e que também significou uma espécie de ritual de passagem. A primeira paixão mais a sério. As lágrimas, o maldito prom de décimo segundo, a sensação de que um gajo só pode sofrer com a vida. E "mayonaise" foi a banda sonora que acompanhou o mar lacrimejante, embora chiça isto já me pareça melodramático a mais. Foi com este tema que andei no sofrimento, foi com ele que me emocionei, foi com ele que redescobri algumas sensações desta vez mais sérias que as simples paixonetices de puto. Aquela era mais a sério. e, embora absolutamente envolta em ramificações ingénuas e de algum (mas não assim tanto) cariz platónico, por outro lado também doía. E, agora passados alguns anos, também bela por ter tido um final, embora não o mais feliz de todos, pelo menos o possível, que não foi uma coisa asquerosa e mete nojo.
Daí que o "doomed", a "sorrow" o "run away", "easingando" a "pain", mas sobretudo o "when i can i will" me tornavam mais forte, mas também fraco. Pelo menos mais frágil, mas ao mesmo tempo faziam-me abrir os olhos e sentir um pouco mais forte. Embora para esse sentimento esteja cá a "i can climb moutains", que também tem uma história que gira nesta paixão de décimo segundo.
de qualquer maneira foram centenas as vezes que ouvi este tema, enquanto pensava em tudo aquilo que acontecia à volta. Era este tema que , num exercício quase masoquista, me enchia as medidas para poder "sofrer" à vontade. E ainda hoje quando o ouço, sinto um vazio tremendo, mas também força de vontade para continuar a vida que me deu as memórias daqueles amargos, mas ao mesmo tempo leves doces e quase graciosos momentos. E "mayonaise" é tudo isto, e muito mais. È um momento por si só. È arte.
Esta será, provavelmente, a faixa mais complicada de analisar de todas as 31. Não pela sua simplicidade desarmante, não pela sua latente beleza, não pelo seu tom agridoce em que relata suas palavras. Mas sim pelo contexto. E o contexto de "mayonaise" preenche precisamente a atmosfera "naive" e delicodoce, tanto de si própria, como do disco que a abraça.
Descobri os pumpkins no ano 2000, e para quem se lembra, foi precisamente no ano do seu fim. Li no blitz a notícia em que o careca corgan dizia que a banda acabava porque o gajo estava farto de lutar contra as pitas comercialóides, que só tinham mega decotes e corpos a cheirar a cavalo, para vender. O mais curioso é que, enquanto puto parvo-estúpido-idiotócromo de 15 anos, acreditei no homem. Pensamento comum:"ah e tal a britney é puta. Ah e tal o gajo dos pumpkins tem uma voz de merda mas faz parte do róque. eu também que ando a ouvir limpa biscoitos e garbage e o camandro, também faço parte do róque. Por isso a gaja é puta e o careca com a voz mete nojo tem razão". Todos nós temos vários tempos e várias fases. Mas há coisas que ficam. Esta consciencialização absolutamente ingénua de crença num tipo careca, sobre o qual não costumava dar um tostão furado, deu-me a pensar em ir dar algum dinheirinho ao tipo.
Daí que, quando vi que os pumpkins iam acabar, dei comigo a pensar que disco havia de comprar deles. Porquê? Porque achava que tinham sido uma banda muito grande, e que merecia pelo menos um ítem na minha(ainda reduzida) discografia.
Mas tá claro...eu sou um bocado esquisito. Vai daí e vou precisamente tentar arranjar o machina II o último disco dos pumpkins, disponível na net. comprei-o a uma loja do porto que o vendia como raridade, num duplo disco que também incluia outro cd com cenas instrumentais do corgan, e catrapumba viciei-me. Deixei de achar a voz do corgan irritante e apeteceu-me tentar compreender porque raio tinha gostado daquilo.
E foi aí que a minha atitude do "ah e tal quero ser bué alternativo", passou a puto-comodista-que-vai-comprar-um-béste-ófe. No meio de um book do henrique pote(o quarto salvo erro), e de mais um disco ou dois, lá meto o rotten apples no bucho, meses depois de me ter decidido a comprar o machina II. E pronto. conheci temas como o "rhinoceros", a "drown", e sobretudo a "cherub rock",provavelmente o meu tema preferido dos pumpkins, e que só não cabe aqui porque fui idiota comá merda e ao ir colocando músicas, apercebi-me que não a tinha posto. E ok confesso, estar a pôr mais de 2 temas dos pumpkins achei exagero...mesmo tendo em conta que esta é a minha banda favorita.
cherub rock- o single
Ouvia a "cherub rock" dia sim dia sim, umas boas 10 vezes ao dia, até decorar tudinho. Desde o início com a bateria do camberlain, até ao final quase apoteótico onde parece que a banda opera uma descarga de raiva nos instrumentos. Daí ter ficado curioso com "siamese dream", o disco. daí ter ido "adquirir" de forma um tudinho nada ilícita(cof...cof) a "rocket", naquela de ouvir um tema dos pumpkins integrado no disco. E catrapumba fiquei fascinado com aquelas guitarras fantabulasticamente vibrantes, e com a própria crença de corgan em que vai ser livre um dia. De um escape. De uma vida nova, sem os problemas do passado.
Com o entusiasmo todo, decidi ir arranjar novo tema. Desta vez, e finalmente, dirão os leitores sobreviventes, "mayonaise". a primeira reacção foi"tema bonito...até é engraçado".Tinha 16 anos e não ficara fascinado com o doce sabor das amargas palavras de corgan. Tinha apenas gostado. e não faço ideia de quando raio passei ao fascínio..coisa bastante progressiva.
Adiante: isso talvez tenha acontecido no décimo segundo, com o romance adolescente a atingir o pico enquanto pessoa.não vale a pena estar a gastar os caracteres todos com a paixão assolapada da altura, sobretudo por ser algo pessoal: e que também significou uma espécie de ritual de passagem. A primeira paixão mais a sério. As lágrimas, o maldito prom de décimo segundo, a sensação de que um gajo só pode sofrer com a vida. E "mayonaise" foi a banda sonora que acompanhou o mar lacrimejante, embora chiça isto já me pareça melodramático a mais. Foi com este tema que andei no sofrimento, foi com ele que me emocionei, foi com ele que redescobri algumas sensações desta vez mais sérias que as simples paixonetices de puto. Aquela era mais a sério. e, embora absolutamente envolta em ramificações ingénuas e de algum (mas não assim tanto) cariz platónico, por outro lado também doía. E, agora passados alguns anos, também bela por ter tido um final, embora não o mais feliz de todos, pelo menos o possível, que não foi uma coisa asquerosa e mete nojo.
Daí que o "doomed", a "sorrow" o "run away", "easingando" a "pain", mas sobretudo o "when i can i will" me tornavam mais forte, mas também fraco. Pelo menos mais frágil, mas ao mesmo tempo faziam-me abrir os olhos e sentir um pouco mais forte. Embora para esse sentimento esteja cá a "i can climb moutains", que também tem uma história que gira nesta paixão de décimo segundo.
de qualquer maneira foram centenas as vezes que ouvi este tema, enquanto pensava em tudo aquilo que acontecia à volta. Era este tema que , num exercício quase masoquista, me enchia as medidas para poder "sofrer" à vontade. E ainda hoje quando o ouço, sinto um vazio tremendo, mas também força de vontade para continuar a vida que me deu as memórias daqueles amargos, mas ao mesmo tempo leves doces e quase graciosos momentos. E "mayonaise" é tudo isto, e muito mais. È um momento por si só. È arte.
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